O segundo módulo do Curso de Formação em Saúde do Trabalhador, nesta quarta-feira (24/09), abordou o tema com base na escuta ativa, politizada e crítica, reconhecendo o trabalhador como sujeito coletivo e histórico.
O encontro, que reuniu bancárias e bancários no auditório do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, trouxe para o debate a burocracia que permeia as instituições quando o assunto é saúde. Manuela Fonseca, assistente social e professora na Universidade Nacional de Mar del Plata, Argentina, falou sobre o chamado acolhimento emancipatório, que vai além de uma abordagem técnica dos casos que envolvem o adoecimento no trabalho. "A ideia é transformar a fala individual em reflexão coletiva sobre direitos, saúde e condições de trabalho, através de uma escuta ativa, politizada e crítica, reconhecendo o trabalhador como sujeito coletivo e histórico", explicou.
Ao politizar a demanda, abre-se espaço, segundo a assistente social, para que o trabalhador possa detalhar a situação pela qual está passando e assim enxergar um contexto histórico em que a exploração e precarização do trabalho estão presentes desde sempre. A partir dessa conscientização, pode-se buscar saídas para resolver o problema individual e o coletivo que está causando o adoecimento no local de trabalho. Com apoio e mediação, são oferecidos caminhos que garantem os direitos e a proteção social. "O horizonte emancipatório entende a saúde do trabalhador não como adaptação ao trabalho, mas como direito que exige transformar as condições, organização e gestão do trabalho", disse Manuela.
A palestrante falou sobre a importância de os sindicatos terem um espaço de escuta permanente, que pode ser físico ou virtual. Um local no qual o bancário ou a bancária se sintam seguros para falar.
Jacéia Netz, coordenadora do Grupo de Ação Solidária (GAS), do SindBancários Porto Alegre e Região, falou sobre a importância das Cipas como espaços de participação e de lutas coletivas pela saúde dos trabalhadores. Segundo ela, os cipeiros devem se inspirar no modelo operário italiano que tem entre as premissas básicas que a luta pela saúde deve ser coletiva e política, não apenas técnica.
André Guerra, psicólogo do SindBancários Porto Alegre e Região e coordenador do curso ressaltou que está sendo construída, coletivamente, uma Política de Saúde Sindical de âmbito estadual para a categoria bancária. "Essa iniciativa passa necessariamente pela implementação de espaços de acolhimento que compartilhem as premissas que abordamos nesse segundo módulo. Esta iniciativa está se mostrando exitosa e irá qualificar a atuação de todos os Sindicatos que estão participando ativamente desse Projeto".
O próximo encontro ficou agendado para o dia 22 de outubro e irá tratar do aspecto jurídico.
Confira as apresentações
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