Sindicato questionou o Banco sobre assédio moral, reintegração de colegas adoecidos e sobrecarga de trabalho.
Na última quinta-feira (15/05), o coletivo de diretores e diretoras do Santander do SindBancários esteve em reunião com os departamentos de Pessoas e Relações Sindicais do Banco para discutir denúncias de assédio moral, metas abusivas, adoecimento no trabalho, fechamento de agências e demissões. Os temas preocupam os dirigentes sindicais e os funcionários do Banco.
Após diversos casos de assédio moral que chegaram ao conhecimento do Sindicato via Canal de Denúncias do SindBancários e da Fetrafi-RS, o diretor do SindBancários e representante do estado na COE Santander, Luiz Cassemiro, cobrou um posicionamento do Banco na promoção de uma gestão humanizada. “A gente sabe que o banco tem diretrizes e métricas, mas na ponta, às vezes, há uma dificuldade com um gestor e outro. E esse gestor tem que estar alinhado com a gestão humanizada, de acolhimento. Não podemos tolerar a gestão do medo, as pessoas têm que se sentir felizes em acordar e ir para o seu local de trabalho todos os dias”, reforçou.
Em ofício encaminhado ao setor de Gestão de Pessoas, em setembro passado, o SindBancários já havia alertado o banco sobre as reclamações de assédio. “É intolerável que tenha maus tratos, posturas agressivas e cobrança por whatsapp, proibidas inclusive na Convenção Coletiva. Queremos solucionar esse problema junto com o Banco”, pontuou o secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles.
Os representantes do Banco responderam que recebem denúncias pelo Compliance, mas que é preciso fortalecer o canal e garantir que o processo seja feito de forma justa. Também informaram que estão sendo implementadas mudanças internas e que não deverá ter mais comunicação pelo whatsapp entre líderes e equipes, apenas pela plataforma do Banco.
Reintegração sem punição
A reintegração dos colegas que precisam se afastar por doenças do trabalho foi outro tema discutido durante a reunião. De janeiro até o momento, o Departamento de Saúde do Sindicato atendeu 25 trabalhadores bancários do Santander com queixas de adoecimento físico e mental.
Entre outras questões, o retorno para a mesma agência ou unidade próxima à residência do funcionário, caso não seja possível o retorno para a origem, e as suas funções no Banco, foram os pontos principais da conversa. “Se o funcionário adoece, o Banco tem que dar condições da pessoa se tratar e também de retornar. Isso passa por um processo educativo dos líderes e dos colegas”, afirmou Salles.
Quanto a isso, o Banco afirmou que está discutindo como reintegrar os funcionários em funções que façam sentido, sem rebaixá-los a tarefas abaixo das suas capacidades, enquanto se atualizam para retornar às áreas de origem.
Há, ainda, alguns problemas relacionados à complementação de salário no período de afastamento até o pagamento pelo INSS, conforme consta na Convenção Coletiva dos Bancários, o que foi cobrado do Banco.
Sobrecarga
O fechamento de agências e demissão de funcionários, que tem gerado sobrecarga e, consequentemente, o adoecimento dos funcionários, foi outro tema tratado. “Tínhamos 11 agências do Santander no Centro de Porto Alegre, agora temos apenas uma. A gente vê que o banco tem uma gestão agressiva, onde o lucro é bastante significativo”, destacou a diretora do SindBancários Natalina Gue.
“A gente sabe que a questão da digitalização está muito forte no sistema financeiro, mas ainda temos muitos clientes que vão às agências para receber o atendimento presencial. E temos exemplos de agências onde o atendimento está demorando mais de uma hora, o que gera sobrecarga e até Síndrome de Burnout nos colegas. Está desumano”, apontou Cassemiro.
Os representantes do Banco informaram que o volume de transações por agência demonstra que o volume de atendimentos presenciais está caindo e que antes do fechamento de cada unidade há um estudo aprofundado. Entretanto, o banco garantiu que, quando há a necessidade, desloca funcionários de uma agência para outra, dependendo do fluxo de atendimento.
Também participaram da reunião as diretoras do SindBancários Ida Jaqueline Pellegrino e Carmem Lúcia Guedes e o diretor Rodrigo Rodrigues; pelo Banco Santander estavam presentes Marcelo Couto (superintendente de Relações Sindicais), Ana Muza (consultora de Recursos Humanos) e Marilize Ferrazza Santinoni (diretora de Varejo).
Fonte: Imprensa SindBancários Poa