Gerentes e escriturários de banco, bem como motoristas de ônibus, técnicos em enfermagem e vigilantes estão no topo das doenças ocupacionais da mente.
Os banqueiros bem que tentam negar a relação direta da política de metas dos bancos com o alto índice de adoecimento de bancários no trabalho. Mas números oficiais do INSS confirmam essa triste realidade, denunciada há anos pelo movimento sindical. Gerentes e escriturários de banco, assim como motoristas de ônibus, técnicos de enfermagem e vigilantes lideram o ranking de categorias com doenças psíquicas causados pelo exercício profissional
Os sindicatos têm razão
Esse é o top 5 das categorias que mais sofrem com estresse, pressão psicológica, tensão e assédio moral das categorias com mais pedidos de afastamentos por saúde mental são de um levantamento do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) referente ao período de 2012 a 2024.
“Para nós, dirigentes sindicais, estes números não representam nenhuma novidade. Há anos denunciamos em mesa de negociação com os bancos esta relação direta do adoecimento da categoria com a sobrecarga de trabalho, pressão por metas, prática de assédio moral e ameaças de demissão. Essa história de que este ou aquele banco é a “’melhor empresa para se trabalhar’ é pura propaganda e, na verdade, uma fake news”, afirma o diretor executivo de saúde do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Edelson Figueiredo.
Os gerentes são, segundo o INSS, os mais atingidos pelas doenças mentais. Escriturários são só 18,77% dos quase 23 mil afastados no período foram enquadrados no B91.
Casos explodiram em um ano
Segundo os dados do INSS, os afastamentos por saúde mental vêm explodindo no Brasil. De 2023 para 2024, o total de casos (somando benefícios com ou sem ligação com o trabalho) pulou de 283 mil para 471 mil — um crescimento de 66%.
“Os transtornos mentais no trabalho tornaram-se uma epidemia, isso dito por médicos e especialistas. E nossa categoria está no topo deste ranking negativo. Esta será uma das prioridades da campanha nacional em 2026 juntamente com as demissões nos bancos privados e as reestruturações na Caixa e no Banco do Brasil”, acrescenta Edelson.
Se tempos atrás destacavam-se as chamadas LER/DORT, lesões por esforço repetitivo causadas por tarefas mecânicas, o avanço da tecnologia tem levado a um crescimento do número de trabalhadores acometidos de sofrimento psíquico.
"Isso está baseado na dificuldade de atingir metas, na ausência de reconhecimento pelo trabalho, na baixa autoestima", confirma Paulo Rogério Albuquerque, doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília, em matéria publicada pelo site Uol.
"O transtorno mental relacionado ao trabalho enfrenta grande dificuldade para ser reconhecido, tanto pela empresa quanto pela Previdência Social", afirma a médica Maria Maeno, pesquisadora da Fundacentro, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego especializado em saúde e segurança…
Lei é descumprida
A lei federal 11.430/2006 — que cria o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) e facilita a associação de uma doença a um ambiente de trabalho — não tem sido devidamente aplicada.
Fonte: Imprensa SeebRio