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#BB | 22/08/2025
Banco do Brasil enfrenta “tempestade (im)perfeita”: juros altos, novas regras e crise no agro desafiam resultados

Economista do Dieese aponta desafios históricos e atuais do Banco do Brasil e a crise recente provocada pela inadimplência do agronegócio e pelos juros altos.

No 35º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB), em São Paulo, a economista Rosângela Vieira dos Santos, da Rede Bancários – DIEESE, apresentou uma análise de conjuntura que traduziu com clareza os dilemas atuais da instituição. A exposição mostrou como o banco tem enfrentado um cenário de fortes pressões, mas também reafirmou sua relevância estratégica para o desenvolvimento nacional.

Rosângela lembrou que a economia brasileira viveu um ciclo recente de crescimento, geração de empregos e queda da inflação. No entanto, o peso dos juros elevados freia a atividade e tem impacto direto sobre os bancos públicos. No caso do Banco do Brasil, o custo de captar recursos se tornou muito mais caro, o que pressiona seus resultados e reduz a rentabilidade.

Um dos pontos centrais da apresentação foi a queda expressiva nos lucros do Banco do Brasil em 2025. Esse movimento, explicou Rosângela, resulta da combinação de três fatores principais: os juros altos, a entrada em vigor de uma nova norma contábil que aumentou a exigência de provisões e a inadimplência recorde no agronegócio, setor que concentra uma parte relevante das operações do banco. Essa “tempestade (im)perfeita” ajuda a entender por que o desempenho do BB destoou dos bancos privados, que cresceram no mesmo período.

“O agro derrubou o lucro do BB. Isso mostra como a concentração da carteira nesse setor fragiliza os resultados e, ao mesmo tempo, nos obriga a discutir o papel político e histórico do banco”, destacou Rosângela. A economista ressaltou que o Banco do Brasil possui a maior carteira de crédito rural do país, muito superior à soma das principais instituições privadas. Essa característica reforça seu papel como motor do financiamento agrícola, mas também o torna mais vulnerável quando o setor enfrenta dificuldades, como ocorre hoje. A inadimplência no campo aumentou, refletindo diretamente nos resultados do banco.

Conforme Bianca Garbelini, diretora de Juventude e Gênero do SindBancários Porto Alegre e Região e secretária da Juventude da Contraf-CUT, que integrou a mesa, os dados mostram que as linhas de crédito para a agricultura familiar e para médios produtores rurais (Pronaf e Pronamp) não tiveram aumento da inadimplência. "Ou seja, quem de fato coloca comida na mesa da população está com as contas em dia. A inadimplência vem dos grandes produtores. Isso prova a necessidade do Banco do Brasil reforçar seu papel público e direcionar mais crédito para quem de fato alimenta os brasileiros", pontuou.

Outro aspecto abordado foi o aumento das despesas do banco, desde os custos para captar recursos até os gastos administrativos. Embora as receitas com crédito e serviços sigam relevantes, o crescimento não tem sido suficiente para compensar o peso das provisões e do funding mais caro. A digitalização e os investimentos em inteligência artificial também trazem ganhos de eficiência, mas podem gerar maior pressão sobre os trabalhadores, sobretudo em áreas ligadas ao atendimento e renegociação de dívidas.

Mesmo diante desse quadro adverso, Rosângela frisou que o BB continua desempenhando funções essenciais para o país. O apoio à agricultura familiar, o crédito acessível para trabalhadores e a reabertura de agências após anos de fechamento demonstram sua importância como instrumento de inclusão financeira e de fortalecimento da economia real.

A análise apontou que a trajetória futura do banco dependerá de fatores como a evolução da inadimplência no agronegócio, a esperada redução dos juros e a adaptação às novas regras contábeis. Mas ressaltou que o mais importante é garantir que os ajustes não recaiam de forma desproporcional sobre os trabalhadores. Para a economista, o Banco do Brasil é estratégico demais para ser pensado apenas em termos de balanço, ele é uma ferramenta de soberania nacional, de desenvolvimento e de justiça social.


Fonte: Contraf-CUT

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